Nietzhe - sobre a verdade e mentira no sentido extra-moral / Deus , homem e Super-homem
23-04-2012 17:28Sobre a verdade e mentira no sentido extra-moral (1873).
Em algum remoto rincão do universo cintilante que se
derrama em um sem número de sistemas solares, havia uma
vez um astro, em que animais inteligentes inventaram o
conhecimento. Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da
“história universal”: mas também foi somente um minuto.
Passados poucos fôlegos da natureza congelou-se o astro, e os
animais inteligentes tiveram de morrer[1]
Como se sabe, Nietzche é um filósofo muito obscuro, neste texto ele demonstra claramente que estamos inserindo em alguma parte deste imenso universo que nem temos noção da imensidão deste mesmo universo. Ora estes sem números de sistemas solares, nada mais é do que estrelas que possuem outros planetas girando ao seu redor. No atual astro em que vivemos surgiu animais que conseguiram evoluir e criar o conhecimento, porém este conhecimento nada de útil teve, pois este mesmo astro acabou por morrer e com ele todos que ali viviam.
Para Nietzche, o intelecto humano não tem importância alguma para a natureza, pois esta pode muito bem viver sem este intelecto, ele nada interfere na natureza, pois este intelecto não existia e a natureza já estava ali, como existe no presente será extinto e a natureza continuará existindo.
Vejamos o que ele nos traz:
“Houve eternidades, em que ele não estava: quando de novo ele tiver passado, nada terá acontecido[2].”
Para Nietzsche, os homens acreditam que este intelecto é muito importante, mas isto é uma vã ilusão porque tal importância só cabe a estes homens, assim como a mosca pode se considerar o ser mais importante por poder voar e boiar no espaço, coisa que nossa espécie nem imagina em fazer. Ao mesmo tempo nossa espécie é a mais frágil, delicada e perecível dos seres, só possui o intelecto como diferença, que os fazem permanecer um minuto a mais no mundo e nada mais. O intelecto é apenas um meio para a conservação do individuo, pois este é o meio pelo qual os indivíduos mais fracos, menos robustos se conservam, já que como não possuem força física, como determinados animais, que para sobreviver usarão seus chifres, garras e presas.
Se o homem possui apenas o intelecto, e evita o confronto pela falta da força, possui também outra arma, que nada mais é do que a arte do disfarce; com ela o homem fala do outro por traz enquanto o elogia pela frente, faz um teatro e se representa diante da sociedade quando de fato nada mais é do que uma outra pessoa, anseiam pela verdade, mas não agem com a verdade.
Para Nietzsche os homens estão vivendo em uma profunda ilusão, seus olhos apenas lhes mostram as coisas, mas não os conduzem a verdade alguma. Sua consciência é orgulhosa e charlatã. O homem ao mesmo tempo apenas por necessidade e tédio deseja se interagir socialmente apenas para curar esta carência, assim quer que a guerra de todos contra todos seja eliminada de sua sociedade. Este tratado de paz, traz em si o primeiro conceito de idéia de verdade , ou seja a descoberta de algo que deve ser universalmente válida para todos, que em sua é obrigatória. As leis da linguagem dá também as primeiras leis de verdade, porque é com ela que surge pela primeira vez o contraste entre verdade e mentira[3].
A mentira dentro deste conceito de sociedade, se for mesmo reconhecida como uma mentira será nociva ao seu criador, porque o mentiroso é excluído da sociedade, porque um homem exige do outro a verdade, porque a verdade lhe agrada e conserva a vida. Mas quando a verdade muitas vezes não lhe agrada ele a trata da mesma maneira que trataria uma mentira, ou seja hostilizando, ou se afastando. É isso que diferencia o homem do animal, pois ele consegue transformar as metáforas em conceitos; se os conceitos lhe agradam ele interage, mas se não lhe agradam ele se afasta. É assim que se dá a noção de deus. Cada povo elabora um conceito desta divindade e acredita que apenas seu conceito é o verdadeiro em oposição ao outro. Assim se deu com os romanos e etruscos, etc.; em resumo pode-se considerar os homens como gênios, porque conseguem elaborar uma gama de conceitos infinitamente complicados e amplos, e os transformam em verdade.
Ora segundo o filosofo em estudo, o que é verdade aos homens, só cabem a eles próprios como verdade. Ao considerarem que um camelo é um mamífero, isto se torna verdadeiro dentro desta visão antropomórfica dos homens, mas não há um ponto que seja de fato verdadeiro em si; porque os homens procuram a metamorfose do mundo em homem, assimilam tudo ao homem, porque acreditam que são o centro deste mundo, os astrólogos observam as estrelas a serviço dos homens, e considera que esta gama estrelar esta se apresentando e se referindo ao homem, seu procedimento consiste em colocar a raça humana como a medida de todas as coisas.
Ainda Nietzsche, dizia que denominávamos a árvore como feminina, o vegetal como masculino, estas denominações nada mais eram do que transposições arbitrarias e absurdas. A língua designa apenas as coisas aos homens, exprimindo-as em metáforas, como por exemplo a pedra é dura. Vemos que dura é um estimulo nervoso, ou seja há muitas coisas duras, mas eu associo esta dureza a figura da pedra e logo eu tenho uma imagem modelada em um som, é assim que se dá esta noção de linguagens para os homens, como dá para os surdos que encontram os sons graças as vibrações das cordas e depois os representam em partituras. Assim ao mesmo tempo quando acreditamos que sabemos algo das coisas que falamos, como neve, cores, flores, e no entanto apenas possuímos metáforas das coisas; pois posso falar neve e saber o que é neve graças a representação de outro e formo assim uma imagem, mas a real imagem da coisa eu não a tenho.
Segundo Nietzsche todo conceito nasce por igualdade do não igual, ou seja, quando faço o conceito de folhas em imagem eu englobo todas as folhas da natureza como sendo únicas, como se tivessem sido feitas todas iguais, mas na natureza por mais parecido que as coisas sejam, nada é igual ao outro. Tomemos como exemplo a palavra honestidade; suponhamos que X é um homem honesto, Z também o é logo, pode-se concluir que ambos são honestos? Vemos que a palavra honesto engloba ações distintas, em um único conceito de honestidade. Tudo isto é um, conceito que a humanidade cria. A natureza não conhece nenhum conceito, nem formas e nem espécie, não privilegia nada; mas nós conceituamos tudo com uma visão antropomórfica . vejamos o que ele define como verdade.
O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de
metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma
de relações humanas, que foram enfatizadas poética e
retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso,
parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as
verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são,
metáforas que se tomaram gastas e sem força sensível, moedas
que perderam sua efígie e agora só entram em consideração
como metal, não mais como moedas[4]
Segundo Nietzsche, a verdade é um impulso onde não sabemos de onde veio a verdade; ela na sociedade só existe como uma farsa, pois a sociedade para poder sobreviver exige que sempre se falem a verdade. Quando a mentira é aceita ela quer assumir um caráter de verdade, assim mente-se segundo uma convenção sólida, mente-se em rebanho. Assim Nietzsche conclui que estas mentiras é um estilo obrigatório para todos, o homem então mente de maneira designada segundo hábitos seculares. Ora se isto ficou confuso e você não entendeu nada, então analise as relações de trabalho. Quando você procura pelo patrão de uma empresa, a atendente sempre dirá que ou ele esta em uma reunião ou ele esta atendendo clientes ou ele esta fazendo algum serviço fora da empresa, quando de fato ele esta ou viajando, ou se divertindo[5].
Outro ponto que Nietzsche destaca é que o homem mente inconscientemente, quando pensa que ao denominar algo segundo suas emoções está de fato descrevendo e transformando tal descrição em verdade. Como exemplo ao designar uma coisa como vermelha, , outra como fria, outra como muda, o leva a despertar uma emoção que se refere moralmente à verdade, e o coloca como ser honrado nesta sociedade, porque o homem mentiroso, que mente por prazer, mas não por inconsciência, ou quando quebras as regras ao não mentir segundo uma convenção sólida, é excluído como um ser nocivo para esta sociedade.
Assim Nietzsche diz também que a mentira é um conceito, porque o homem tem a capacidade de criar conceitos, é isto o que o diferencia do animal. Vejamos os exemplos que ele apresenta ao leitor:
- criar um mundo regido por leis;
- criar um mundo regido por privilégios;
- criar um mundo regido por subordinações;
- criar um mundo regido por demarcações de limites.
Assim, quando se elabora este conjunto de conceitos e coloca-os todos e um único conjunto Universo, que nada mais é do que a concepção da verdade, que consiste em nunca pecar contra a ordenação destas classes hierárquicas de conceitos. Em linhas gerais, quando os conceitos são elaborados e postos no Conjunto Universo, isto é o que forma as regras da sociedade, pecar ou não obedecer a nenhum destes conceitos é não fazer parte deste conjunto Universo, logo assim como na matemática, tudo aquilo que está fora do conjunto universo está excluído, porque não tem relação alguma com este conjunto. Da mesma forma se dá com os indivíduos em sociedade[6].
Para reforçar e esclarecer a explanação, recorremos ao autor:
Assim como os romanos e etruscos retalhavam o céu com rígidas linhas matemáticas e em um espaço assim delimitado confirmavam um deus, como em um templo, assim cada povo tem sobre si um tal céu conceitual matematicamente repartido e entende agora por exigência de verdade que cada deus conceitual seja procurado somente em sua esfera. Pode-se muito bem, aqui admirar o homem como um poderoso gênio construtivo, que consegue erigir sobre fundamentos móveis e como sobre água corrente um domo conceitual infinitamente complicado[7].
Segundo Nietzsche o homem torna-se genial porque consegue elaborar e acumular uma gama de conceitos, e os tecer como uma teia de aranha. São estes conceitos que o põe em superioridade aos animais, como exemplo se compararmos o ato de construir dos homens com as abelhas estes são vencedores, pois com o acumulo de conceitos que possuem, porque conseguiram descobrir por si mesmos; as abelhas apenas construíram com a cera que retiram da natureza. É isto que torna o homem admirável, mas seu antropocentrismo é o seu fator negativo. Assim a palavra verdade faz parte deste antropocentrismo.
Nietzsche pergunta, o que é verdade> a verdade só é verdade porque faz parte do conceito humano. Assim quando se diz, um animal mamífero e depois ao ver um camelo se diz que estamos de frente de um animal mamífero. Segu7ndo Nietzsche parece que uma verdade esta sendo trazida à tona, mas na verdade não há relação de verdade alguma com ela, pois ela é um mero conceito humano, só se torna válida porque o antropocentrismo humano a quer tornar como verdadeira. Vejamos o que Nietzsche conclui.
“O pesquisador dessas verdades procura, no fundo, apenas a metamorfose do mundo em homem, luta por um entendimento do mundo como uma coisa á semelhança do homem e conquista , no melhor dos casos um sentimento de uma assimilação. Semelhante ao astrólogo que observa ás estrelas a serviço do homem ... assim tal pesquisador observa o mundo inteiro como ligado ao homem... seu procedimento consiste em tomar o homem como medida de todas as coisas... Esquece pois as metáforas intuitivas de origem, como metáforas, e as toma pelas coisas mesmas[8].
Todos os conceitos do homem são antropomórficos, que se transformam em metáforas, temos pois, o mito e as artes, em querer mostrar o mundo de acordo com a visão do homem. É uma maneira de se auto-enganar, que leva ao prazer. Vejamos:
O próprio homem, porém, tem uma propensão invencível a deixar-se enganar e fica como que enfeitiçado de felicidade quando o rapsodo lhe narra contos épicos como verdadeiros, ou o autor, no teatro, representa o rei ainda mais regiamente do que o mostra a efetividade. O intelecto, esse mestre do disfarce, está livre e dispensado de seu serviço de escravo, enquanto po0de enganar sem causar dano[9]...
Se os mitos e as artes nos enganam acordados, mas nos causa o prazer este engano, elas se assemelham ao sonho, que nos enganam da mesma forma. Como exemplo Nietzsche apresenta um texto de Pascal, o qual dizia, que se um trabalhador dormisse por 12 horas e sonhasse nesse período que é rei, ao acordar seria tão feliz, quanto um rei que dormindo 12 horas sonhasse que era um homem que trabalhasse durante 12 horas.
Para finalizar, Nietzsche diz que os conceitos humanos que se transformam em necessidade, na realidade não são necessidade alguma, como exemplo dia que o cântaro, nem a casa, nem as armas poderosas da Grécia antiga denunciam que a necessidade os inventou.
DEUS, HOMEM, SUPER-HOMEM[10]
Neste texto o comentador quer demonstrar que a concepção de verdade está relacionada com o Platonismo e com o cristianismo, que mesmo após a negação de Deus, ela foi herdada porque passou a ter um contexto antropocêntrico. Ao mesmo tempo irá demonstrar como a negação de Deus foi importante para que o homem derivasse outro conceito de verdade, como ao mesmo tempo foi negativa, por torna-la cética.
A filosofia de Nietzsche esta posta em uma balança, de um lado sendo otimista que diz sim e é a favor da morte de deus e de outro lado pessimista em dizer não à modernidade. Vejamos dois fragmentos:
Nietzsche é pensador e filho de seu tempo. Durante o seu processo de investigação e reflexão filosófica da realidade como um todo, ele constata que com o surgimento de um novo contexto histórico, ou seja, o início e nascimento da modernidade, esta começa a manifestar e propagar certas características (modernas) que tendem a vir com um espírito de repulsa às questões ligadas à tradição[11].
Onde tem origem, segundo Nietzsche, a modernidade? Nos filósofos iluministas do século XVIII e sua crítica da tradição e da autoridade; na filosofia de Kant, que estabelece os limites do conhecimento e a impossibilidade de o homem conhecer o supra–sensível, a coisa-em-si; na ciência positiva, que se torna independente da teologia; na revolução Francesa e sua defesa das “idéias modernas” de igualdade, liberdade e fraternidade; na arte romântica que demonstra simpatia pelo que é sofredor, infeliz e doentio. (MACHADO, Deus, Homem, Super-homem, p. 21-2)
Percebe-se que é através da modernidade que se deve procurar o sentido da expressão: “Deus está morto”. Entretanto, não se deve confundir esta expressão como uma propagação de um ateísmo ou propriamente falando de uma doutrina de Nietzsche (MACHADO, op.cit., p.22). O seu “objetivo, no entanto, não está em querer provar ou negar a existência de Deus, como fazem os ateus, uma vez que o pensamento Nietzschiano não tem uma preocupação epistemológica, mas quer aqui, mostrar como e porquê surgiu e desapareceu a crença em que haveria um Deus” (GOMES, Uma leitura do niilismo nietzschiano…, p. 168).
Esta expressão na obra de Nietzsche apresenta várias versões. Contudo, uma das mais importantes é o aforismo 125 da Gaia ciência, uma vez que é “o primeiro texto explícito de Nietzsche sobre a questão” (MACHADO, op. cit, p. 22). O fragmento no que há um desenvolvimento de tal acontecimento constatado está intitulado “O homem louco” (“O insensato” em outras traduções). Nele Nietzsche começa dizendo o seguinte:
Não ouviram falar daquele homem louco que em plena manhã acendeu uma lanterna e correu ao mercado, e pôs-se a gritar incessantemente: “Procuro Deus! Procuro Deus!”? – E como lá se encontrassem muitos daqueles que não criam em Deus, ele despertou com isso uma grande gargalhada. Então ele está perdido? Perguntou um deles. Ele se perdeu como uma criança? Disse outro. Está se escondendo? Ele tem medo de nós? Embarcou num navio? Emigrou? – Gritavam e riam uns para os outros. O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar. “Para onde foi Deus?”, gritou ele, “já lhes direi! Nós o matamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? (…) Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodressem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! Como nos consolar, a nós, assassinos entre os assassinos? O mais forte e mais sagrado que o mundo até então possuíra sangrou inteiro sob nossos punhais – quem nos limpará este sangue? (NIETZSCHE, A Gaia ciência, fragmento 125, p.147-8).
De tudo o que foi apresentado até aqui é que a modernidade conduziu o homem a se tornar descrente em Deus, e confiante na ciência, e esta morte de Deus se deu porque o próprio homem o matou, porque passou a negar seus dogmas que formaram as bases do cristianismo. Assim a modernidade fez uma ruptura em antigas crenças negando estes fundamentos divinos como:
- substituir as teorias teológicas, por teorias cientificas;
- pelas leis dogmáticas pelas leis antropomórficas;
- o ponto de vista de Deus é substituído pelo ponto de vista do homem;
- A autoridade de Deus ao perder força, SUS representantes, como as Igrejas, são submetidos á autoridade da vontade humana, tida como racional;
- a vida eterna é substituída por projetos de futuros nesta mesma existência;
- procura-se alcançar um bem terrestre já que o pós-vida é negado.
Ora, esta negação total, tanto da metafísica e das bases do cristianismo, leva a um vazio, que é o fruto desta modernidade que culmina no niilismo reativo. Ao mesmo tempo, um vazio que surge neste contexto, como por exemplo uma própria desvalorização da vida, por não mais se confiar no supra-sensível, leva a um outro grau de niilismo que é o niilismo negativo. Esse niilismo negativo tem origem na refutação do platonismo e do cristianismo. Para Nietzsche o segundo englobou o primeiro e ambos valorizam o supra-sensível em detrimento da vida na terra, ao mesmo tempo que dizem que o bem é um conceito supremo, eis aí o inicio de uma moralidade baseada nestes dogmas. Dois pontos desta tese de Nietsche é bom destacar. O primeiro é que ele diz que o platonismo é um cristianismo antecipado e que este é um platonismo para o povo. O segundo é que a religião que dizia valorizar a vida, não a valorizou e alem do mais obrigou que ciência e filosofia se tornassem suas servas. Já a Modernidade mostrou ao homem, que este pode acreditar tanto em Deus, como no Cristo, ou em Adão, mas será uma crença inútil, porque a vida pé uma ilusão e que não há nada de verdadeiro e real nela.
Para Nietzsche, a noção de Deus foi inventada, porque Deus é pensado como verdade, e como já dissemos o conceito de verdade é importante para uma sociedade, mesmo que esta verdade não seja de fato uma verdade. Basta ver que Platão considerava o divino como uma verdade, porque pensar um divino mentiroso seria pensar em um Caos. Então o home tem a necessidade de vontade de verdade; é um desejo moral, que leva suas bases tanto para a metafísica, como para a religião; como exemplo tem-se a metafísica socrático-platonica e a religião judaico-cristã.
A noção de Verdade é transformada como Ser, e este em Deus, dando origem a um ascetismo, que no caso platônico e cristianismo afirmam que esta vida não tem valor algum, faz dela uma ponte para a outra vida. O próprio Sócrates faz pouco caso desta vida, ao dizer que morrer é a cura de viver; a cruz do Cristo representa um convite para se libertar da vida, ou em linhas gerais uma vitoria sobre a vida. Estas bases gerias do ascetismo que Nietzsche vai negar, ao afirmar que os dois maiores crimes da humanidade, podem ser considerados uma espécie de suicídio, porque tanto como Platão e Sócrates e as bases do cristianismo caluniavam a vida, negando-a.
Para Nietzsche, a criação de Deus se dá pelo fato de não poder explicá-lo, surge então a metafísica, ou então os medos que perseguem os homens, como o medo à morte, ou à incapacidade de lidar com o sofrimento. A modernidade matou Deus, mas o homem Moderno, ao negá-lo levou-o a seus novos dogmas e o mesmo permaneceu idolatrado, pois substituiu a figura de Deus por humanidade, sociedade livre, ciência, progresso e ateísmo. Assim eliminou o ponto de vista de Deus, para colocar apenas ideais e valores humanos demasiadamente humanos nos lugares divinos; mas tudo isto ainda não separou os dois marcos, o do bem e da verdade.
Tem-se pois o ateísmo, que exige verdades, mas uma de suas verdades exigidas é a vontade de verdade de se proibir a mentira da fé em Deus. Mas mesmo se negando deus, ele ainda triunfa, pois é tido como símbolo de verdade e esta verdade é aquilo que é ansiado em qualquer sociedade, bem como em qualquer consciência cientifica. Nietzsche concluiu que o ateísmo é a busca da verdade do que ficou incompleto no cristianismo e no platonismo, para ele o homem moderno matou Deus, porém acabou sendo envolvido por esta mesma sombra do Deus morto.
Para sair desta situação de negação é necessário seguir o caminho do super-homem para vencer este niilismo, e assim sair desta filosofia negativa para entrar na positiva. O super-homem nada mais é do que a figura que representa a terra, a do homem racional, negando qualquer vida pós morte, dando apenas valor a vida bem vivida na própria terra. a morte de Deus não se torna sentido de pessimismo, pois se não há mais Deus, há pois o homem futuro, nas se portanto a idéia de progresso. Estas são as bases deste niilismo reativo; uma tentativa de querer acalmar aqueles que podem dizer, que o saber nos sufoca.
A morte de Deus é algo perigoso, porque pode vir a ser a negação de tudo; pensando pois neste niilismo reativo ao elaborar o super-homem coloca uma esperança, pois se já não pode-se pensar em Deus e num novo mundo supra-sensível, pode-se pensar no homem do futuro.
“o super homem é um novo modo de sentir, um novo modo de pensar, um novo modo de avaliar;uma forma de vida...o Super-homem é todo aquele que tem uma existência terrestre... a morte de Deus é a superação do momem pelo super-homem...Mortos estão todos os Deuses, queremos que o super-homem viva!” ((MACHADO, Deus, Homem, Super-homem, p. 30)
Por fim o comentador termina sua explanação com a seguinte frase:
...” ser super-homem é querer a vida, a cada momento, incondicionalmente e por toda a eternidade.”
- Elabore uma resenha baseada em Nietsche que trate de deus, homem e super-homem.
- Onde tem origem segundo Nietzsche a modernidade?
- Se é a modernidade que é responsável pela expressão Deus está morto”, pode-se dizer que é uma filosofia de ateísmo? Se não for mostre a diferença.
- Qual é as bases do aforismo do “homem louco”, apresentado por Nietzsche?
- Fale do niilismo reativo.
- Fale do niilismo negativo.
- Qual é de fato o papel da modernidade na visão de Nietzsche?
- Por quê Nietzsche diz que o conceito de Deus foi inventado e por quê a noção de verdade é tida como um ser?
- O que é de fato o super-homem? Qual seu contexto no niilismo de Nietzsche?
[1] Retirado de: NIETZSCHE, F. “Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-moral”. Tradução:Torres Filho, R. in: Antologia de Textos Filosóficos. Marçal, J. (org.), SEED, Paraná, 2009 (pp. 530 – 541).
[2] Retirado de: NIETZSCHE, F. “Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-moral”. Tradução:Torres Filho, R. in: Antologia de Textos Filosóficos. Marçal, J. (org.), SEED, Paraná, 2009 (pp. 530 – 541).
[3] Retirado de: NIETZSCHE, F. “Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-moral”. Tradução:Torres Filho, R. in: Antologia de Textos Filosóficos. Marçal, J. (org.), SEED, Paraná, 2009 (pp. 530 – 541).
[4] Retirado de: NIETZSCHE, F. “Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-moral”. Tradução:Torres Filho, R. in: Antologia de Textos Filosóficos. Marçal, J. (org.), SEED, Paraná, 2009 (pp. 530 – 541).
[5] nota do comentador Jonas Barros
[6] Notas do comentador Jonas Barros baseado no texto.
[7] [7] Retirado de: NIETZSCHE, F. “Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-moral”. Tradução:Torres Filho, R. in: Antologia de Textos Filosóficos. Marçal, J. (org.), SEED, Paraná, 2009. A citação encontra-se á pagina 03.
[8] Retirado de: NIETZSCHE, F. “Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-moral”. Tradução:Torres Filho, R. in: Antologia de Textos Filosóficos. Marçal, J. (org.), SEED, Paraná, 2009. A citação encontra-se á pagina 03.
[9] Retirado de: NIETZSCHE, F. “Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-moral”. Tradução:Torres Filho, R. in: Antologia de Textos Filosóficos. Marçal, J. (org.), SEED, Paraná, 2009. A citação encontra-se á pagina 03.
[10] Texto de Roberto Machado, cujos comentários se encontram ás paginas 21-32.
———
Voltar