NOSSAS LUTAS 03 - ESSA LUTA DA CRECHE TAMBÉM É NOSSA

NOSSAS LUTAS 03 - ESSA LUTA DA CRECHE TAMBÉM É NOSSA

 ESSA BRIGA TAMBÉM É NOSSA

 03/05/2011

 ITAQUERA

Moradores cobram promessa de creche pela Prefeitura

 

A luta de 30 anos dos moradores do Jardim Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera, pela construção da creche num terreno municipal na Rua Floriano de Toledo ganhou mais um capítulo. Na tarde do último sábado, dia 30 de abril de 2.011, sob forte sol, cerca de 150 pessoas participaram de ato público. Em frente do local reservado pela própria comunidade para a creche, moradores voltaram a cobrar da Prefeitura a antiga promessa. A área com cerca de 2 mil m² tem na parte elevada face voltada para a Avenida Afonso Sampaio de Souza, próxima do Parque do Carmo, mas serve há tempos como depósito de despejo clandestino de entulhos.

 

De acordo com a líder comunitária Dona Maria Pereira Holanda, de 82 anos, a última reunião com autoridades ocorreu há pouco mais de dois anos, quando o secretário Municipal de Educação [Alexandre Schneider] se comprometeu com a causa, mas até hoje não houve retorno.

Dona Maria (Integrante da Pastoral da Criança da Paróquia Nossa Senhora da Paz, Dona Maria é uma das lideranças que conseguiram melhorias no bairro e responsável pelo Ato Público) mencionou as seguintes palavras:

 

“Enquanto eu estiver viva, vou lutar, não vou desistir”.

 Essa luta não é para mim, mas para nossos netos e bisnetos. A creche é uma grande necessidade às famílias. Ela vai dar segurança para as mães irem ao trabalho”.

 

Outras mulheres do bairro, muitas das quais com crianças no colo, fizeram uso da palavra. “Existe uma grande demanda por creche no no bairro e os governantes deveriam olhar essa questão com mais atenção”, afirmou a ex-coordenadora da Creche do Aricanduva, Holien Ferreira. “Há muitos anos lutamos e conseguimos asfalto, orelhão, linhas de ônibus, posto de saúde e outras benfeitorias, mas a creche ficou para trás. Temos a área e ela corre risco de invasão”, protestou Maria Ignês S. de Faria, com a neta no colo.

“No começo do ano fui até a creche que fica lá na parte alta do bairro e pediram para esperar por vaga. Voltei há pouco tempo e agora a informação é que existe uma fila de 180 crianças. Quer dizer, vou ter de esperar a desistência de 180 cadastrados para meu filho ser atendido. Perdi ofertas de emprego. Na família, só meu marido trabalha”, relatou Patrícia França.

 

A moradora do bairro Vanessa dos Santos, moradora do bairro, mencionou que a construção da creche será positiva, pois ajudará que muitas mulheres possam ir trabalhar e melhorar a renda familiar, e proporcionar, café da manha, almoço para muitas crianças carentes da região. Eis suas palavras;

 

“ Se esta creche for construída, além de proporcionar que as mães possam ir trabalhar e melhorar a renda familiar, vai também garantir para muitas crianças, o café da manhã, almoço e o café da tarde, pois sabemos que muitas crianças não tem nem o que comer.”

 

 

“CADÊ A NOSSA CRECHE KASSAB?” – “Uma questão importante  é que mesmo as mães que tem filhos nas creches da região    sofrem com problemas de segurança. Corremos riscos de atropelamento e acidentes ao caminhar a pé com nossas crianças menores”, comentou Vanessa Santos Martinez. Ela tem três filhos. Dois estão na Creche do Aricanduva, distante mais de 2 km de sua casa, e um espera por vaga.

 “Mesmo quando conseguem vagas nas creches dos outros bairros, muitas mães não têm recursos para pagar R$ 130 por mês para a perua de transporte. Por isso, ao receber o convite vim dar meu apoio. Vou colocar meu tijolinho nessa creche. Precisamos todos nos unir. Uma andorinha não faz verão”, argumentou Francisco Macedo. Palavras endossadas pelo metalúrgico aposentado Edvaldo Stanislau de Carvalho. “Estamos cercando a área por conta própria para evitar despejo de entulhos e evitar invasões. Sempre tivemos na mira a creche nesse local”, disse.  

Convidados para participar do ato, o deputado Estadual Adriano Diogo (PT) e a vereadora Juliana Cardoso (PT) não pouparam críticas à administração Kassab. “O governo da presidenta Dilma reservou grande volume de recursos para a construção de creches em todo Brasil, mas as prefeituras devem entrar com as áreas. E temos aqui um terreno maravilhoso onde se pode construir uma creche e uma EMEI”, disse. “Vamos intensificar a luta. Pintar esse muro cobrando a promessa ‘Kassab: Cadê a nossa Creche?’”,  sugeriu.

A vereadora Juliana Cardoso relembra o começo de sua participação na luta.  “Temos 1.500 crianças fora das creches nesse distrito e o prefeito está esperando o quê para atender. Uma creche e uma EMEI podem atender de imediato 240 alunos. A creche é um direito educacional das crianças e a Prefeitura não está cumprindo com sua obrigação”.

Ao final do ato e após manifestações de religiosos da igreja católica e da igreja evangélica com mensagens de apoio, os participantes formaram um círculo no centro do terreno. Lá, manifestaram a vontade coletiva de conquistar a creche.

 

 

Fonte: adaptações do texto original do jornalista kuchar.